O agronegócio, o Brasil e os Estados Unidos

Por Rodrigo Capella

A aproximação entre Brasil e Estados Unidos poderá trazer bons frutos ao agronegócio brasileiro, talvez até de uma forma bem natural e de longo prazo. Aliar-se a uma economia forte, muito bem estruturada e planejada, mostra-se muito mais vantajoso do que se associar a países sem representatividade no ato de plantar e colher.

O primeiro ponto que devemos nos atentar é a logística. Tenho conversado sobre este importantíssimo tema com representantes do legislativo e do executivo. Do senador Álvaro Dias, eu ouvi: “o transporte precisa ser multimodal. Rodovia para curta distância, e hidrovia e ferrovia para longa distância”.

Concordo com esta afirmação. Aliás, é exatamente isso que os Estados Unidos praticam. Com agilidade no escoamento, atendem de forma eficaz muitas das necessidades internas e exportam com grande dinamismo.

Esse é um ponto que o Brasil precisa aprender e praticar. Estradas sucateadas, ferrovias insuficientes e trilhos enferrujados são alguns dos problemas que impossibilitam uma logística de melhor qualidade.

Especialista em marketing no agronegocio
Foto: Freepik

Investir em ferrovias, aliás, traria muitas vantagens. O frete seria mais barato, diminuindo o valor do produto para o consumidor final; a emissão de poluentes iria diminuir, beneficiando o meio ambiente; e evitaríamos muitos acidentes, que infelizmente habitam o nosso noticiário.

Outro ponto importantíssimo é a segurança no campo. Tive a oportunidade de morar no Estado de Oklahoma, que se destaca pelo trigo, carne e leite bovino, e há uma clara sensação de defesa das propriedades. Apesar dos cerca de 180 mil quilômetros quadrados que compõe o Estado, produtores fixam em suas atividades.

Já no Brasil, sabemos que, infelizmente, o homem do campo vive inseguro, torcendo dia a dia para não ser alvo de invasões cruéis ou de roubos de tipos diversos, como maquinário e até parte das plantações.

Além da logística e da segurança, devemos nos atentar ao marketing, muito bem praticado pelos Estados Unidos no cenário do agronegócio. É fato que uma boa economia não se sustenta sem o agronegócio e que o agronegócio não se mantem sem uma boa divulgação, com a mensagem e o alcance corretos.

Neste aspecto, também podemos aprender com os Estados Unidos. Com uma boa comunicação, não haverá barreiras para segurar o desenvolvimento contínuo do agronegócio brasileiro.

Mas, o momento exige cautela: ouvi recentemente que o governo poderia reavaliar o Convênio 100/1997, que exime ou confere descontos no ICMS relativo ao transporte de insumos agrícolas dentro dos Estados brasileiros ou entre Estados.

Esta prática é mais do que justa. Interrompê-la seria uma crueldade. O agronegócio brasileiro precisa, definitivamente, de ajuda. Seja ela de onde vier.


Rodrigo Capella é Diretor Geral da Ação Estratégica, empresa de comunicação e marketing com ampla experiência no segmento de agronegócio.

Pós-graduado em Jornalismo Institucional, Capella é escritor, palestrante e também ministra cursos e treinamentos sobre comunicação digital.  E-mail: capella@acaoestrategica.com.br