O agronegócio e a sucessão familiar
Por Rodrigo Capella
O tema sucessão familiar tem sido cada vez mais discutido no nosso agronegócio, seja em reuniões de cooperativas, em eventos do setor ou durante os churrascos de domingo. Este novo cenário se deve, principalmente, a três fatores: maior interesse dos jovens agricultores em atuar na propriedade, consolidação das startups e maior disponibilidade de tecnologia para utilização no campo.
Antigamente, era muito comum os filhos de produtores rurais estudarem no exterior ou em outras cidades, e nunca mais voltarem para trabalhar na fazenda. Hoje, a realidade é totalmente diferente. Estes jovens fazem faculdade em outros países ou em outros Estados, e retornam para aplicar os conhecimentos adquiridos no campo.
Recentemente, visitei um produtor rural que me contou, todo orgulhoso, sobre os estudos de seu filho, que escolheu cursar administração para, o mais rápido possível, melhorar a gestão da fazenda.
De outro agricultor, ouvi um cenário ainda mais interessante: seu filho estava estudando marketing para aplicar conceitos e ferramentas na fazenda, com o objetivo de agregar valor ao produto final.
Trata-se de uma vontade, cada vez mais natural e consistente, do jovem em modernizar o processo produtivo das fazendas até então geridas pelos pais e pelos avós, com o objetivo de aumentar a produtividade e a rentabilidade.
Aliado a este cenário, um novo fenômeno vem contribuindo diretamente para a sucessão familiar no campo: a consolidação das agtechs e agritechs, empresas de tecnologia com foco em agronegócio.
Adeptos às ferramentas digitais, muitos jovens do campo têm, de alguma forma, via estágio, prestação de serviço ou emprego, trabalhado nestas startups. Como consequência, absorvem a cultura acelerada de tomada de decisão e a implementam no campo.
Além do aspecto educacional e do fator startup, a maior utilização de tecnologia no campo também tem sido um elemento decisivo neste contexto de sucessão familiar. A variedade de tecnologias disponível para aplicação imediata nas fazendas tem impactado positivamente as novas gerações de produtores rurais.
Aplicativos, softwares e ferramentas diversas para fins variados, como monitoramento de safra, acompanhamento de peso de gado, verificação do custo do frete, constatação de pragas e doenças, além de máquinas com tecnologia de última geração, cativam os jovens do campo.
Atrelado a isto, um último e também decisivo aspecto: o desejo natural que pais e avós sempre tiveram em incentivar os descendentes a prosseguirem em suas terras. Um produtor me disse, dias atrás, que estava levando, durante os finais de semana, seu filho na fazenda para que ele começasse deste cedo a gostar das atividades do campo.
Torço para que muitos outros estejam adotando esta prática e passando por um processo de sucessão familiar muito bem estruturado e saudável. Com atitudes assim, o nosso agronegócio e o Brasil só tendem a se fortalecer!
Rodrigo Capella é Diretor Geral da Ação Estratégica, empresa de comunicação e marketing com ampla experiência no segmento de agronegócio.
Pós-graduado em Jornalismo Institucional, Capella é escritor, palestrante e também ministra cursos e treinamentos sobre comunicação digital. E-mail: capella@acaoestrategica.com.br