As novas tecnologias e a rotina dos agropecuaristas

Por Rodrigo Capella

Muito se tem falado sobre inovação no agronegócio. Acredito que até em demasia, sem muito crio. Justifico: a inovação somente é de fato consolidada se ela fizer parte do cotidiano do agropecuarista, ou seja, se estiver amplamente incorporada ao campo. Caso contrário, há apenas tentativas, seja em um protótipo, uma ideia, ou até mesmo no portfólio de uma empresa.

Como parte de minha rotina, visito fazendas, em várias cidades brasileiras. Nos últimos dias, atentei-me ao fato da inovação no campo. Separei esta análise de duas formas: primeiro em relação ao perfil do agropecuarista, depois em relação à propriedade.

Observei que o homem do campo está, ao contrário do que muitos especialistas de marketing defendem, amplamente conectado às ferramentas digitais. Destaque para o fato de a maior parte dos agropecuaristas utilizar o WhatsApp como ferramenta de comunicação, seja para participar de grupos do setor, tirar dúvidas, ou até mesmo agendar a visita do autor deste artigo.

Este comportamento comprova a eficácia do último levantamento “Hábitos do Produtor Rural”, feito pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio e pela Informa/FNP, que atestou a utilização do WhatsApp por mais de 76% dos entrevistados.

Em relação às redes sociais, é nítida a ainda preferência do produtor rural pelo Facebook. Mas, cabe o alerta: pouco a pouco, eles estão migrando para o LinkedIn e Instagram, que, segundo eles, têm informações que ajudam diretamente na tomada de decisões do dia a dia do campo.

 

Especialista em marketing no agronegocio
Foto: freepik

Já na propriedade, verifiquei a alta adesão a aplicativos, principalmente para controle de vacinas de gado e para monitoramento de ganho de peso. Ferramentas práticas, de fácil acesso, muitas vezes pelo próprio smartphone do agropecuarista.

Outro ponto de destaque no ambiente rural é a gestão de fazenda. Softwares e ferramentas de análises estão sendo utilizados em amplitude para monitorar compra de produtos e insumos, e para controlar despesas operacionais.

Outras soluções, é claro, estão sendo utilizadas; acredito que por enquanto em menor escala. Talvez por não contribuírem diretamente para uma maior produtividade do agropecuarista, ou ainda por conta de obstáculos diversos advindos do campo.

Mesmo com importantes e grandes variáveis, é possível afirmar que no Brasil a inovação e o agronegócio estão em sintonia, não como a mesma intensidade como ocorre em Israel, com alta efetividade no deserto, mas com a pulsação necessária e importante para contribuir para a evolução diária e natural do nosso agronegócio.


Rodrigo Capella é Diretor Geral da Ação Estratégica, empresa de comunicação e marketing com ampla experiência no segmento de agronegócio.

Pós-graduado em Jornalismo Institucional, Capella é escritor, palestrante e também ministra cursos e treinamentos sobre comunicação digital.  E-mail: capella@acaoestrategica.com.br